Dia das Crianças

Francisco saiu com sua mãe para uma cidade vizinha. O dia estava lindo e ensolarado. O ar da manhã trazia uma calmaria, uma paz enorme. Poucos quilômetros e uma cidade bucólica se descortinava. Uma lagoa central com seus exuberantes pedalinhos estava à espera das crianças e acompanhantes.

O garoto e dona Cida desceram depressa do automóvel e ganharam a rua toda enfeitada. Dia das Crianças e também dia da padroeira da cidade. Enfeites variados e um palco movimentado por técnicos de som, testando os últimos momentos do que seria executado mais tarde, naquela cidade linda, num dia tão especial.

Dona Cida e Francisco  logo alcançaram o pedalinho. Que alegria pedalar junto aos gansos, naquelas águas cristalinas! Atravessar a lagoa seria uma “mega” aventura.

O som estava alto. Francisco quase não ouvia o barulho dos carros que circulavam ali perto e muito menos a expressão de contentamento da mãe ao se acomodar no transporte oferecido pelo zelador da lagoa.

A mãe de Francisco cantarolava uma antiga canção enquanto pedalava a pequena embarcação;

“Alecrim, alecrim douradoQue nasceu no campo sem ser semeadoAlecrim, alecrim douradoQue nasceu no campo sem ser semeado
Foi meu amor que me disse assimQue a flor do campo é o alecrimFoi meu amor que me disse assimQue a flor do campo é o alecrim…”

Muitas pessoas foram atraídas pelo som que os músicos e seus instrumentos faziam. O movimento estava cada vez maior.

Já quase no meio da lagoa, a mãe de Francisco se sentiu cansada ao pedalar. Parecia que o pedalinho também havia se cansado pois não se movimentava. De repente Francisco olhou para o casco da embarcação e viu que muita água estava entrando por um buraquinho bem pequeno e mais acima, um trincado enorme que talvez abrisse. O pavor tomou conta de ambos. Francisco começou a gritar e sua mãe desesperada,  gesticulava. Algumas pessoas próximas ao cais acenavam  como num cumprimento, numa saudação e não podiam escutar as súplicas, o pedido de socorro. Não dava para perceber a aflição dos ocupantes daquele pedalinho.

A água ganhava espaço considerável. Eles não sabiam nadar. O pedalinho estava afundando, afundando…

De longe, mãe e filho viram um senhor bem grisalho e franzino entrando em outro pedalinho com uma menina bem pequena, A Providencia Divina atuou e aquele senhor se aproximou, mais, mais…. Resgatou Francisco e depois, a mãe desolada.

Até hoje, quando chega o dia das crianças, Francisco se lembra  e comenta com um sorriso nos lábios, sobre um tal passeio a cidade vizinha e do quase triste desfecho. Ele diz que após o ocorrido, não mais encontrara aquele senhor e nem a criança, Eles desapareceram como num passe de mágica.

A lembrança de uma criança é forte e traz riqueza de detalhes. Se pudermos  contribuir para momentos lúdicos, que sejam frequentes.

Luz e paz!!

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